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Tenda Espiritual Caminhos da Luz - EAD - Umbanda de forma descomplicada

LINHAS DE TRABALHO NA UMBANDA


Na Tenda Espiritual Caminhos da Luz atuamos com 11 linhas de Trabalho, que prestam os atendimentos em giras especificas de atuação, trazendo a caridade, o alívio das dores e o aconselhamento para todos aqueles que os buscam. Sempre de forma gratuita e caritativa. As linhas que trabalhamos estão listadas abaixo, saiba um pouco sobre cada uma delas.


BAIANOS


         “…Se um espírito missionário iniciou a corrente dos “baianos” é porque na Terra ele havia sido um Babalorixá baiano e continuou a sê-lo no plano espiritual. Ele havia sido um baiano cultuador dos orixás e continuou a sua missão em espírito, iniciando um dos mistérios da religião umbandista, pois só um mistério agrega sob sua égide e sua irradiação, tantos espíritos, com muitos deles só plasmando uma vestimenta baiana e um modo de comunicação peculiar…

         São espíritos alegres, brincalhões, descontraídos … São muito conselheiros, orientadores, aguerridos e chegados à macumba (dança ritual), durante a qual trabalham, enquanto giram com seus passos próprios”.(Rubens Saraceni – Umbanda Sagrada – Madras Ed.)

         O arquétipo adotado para a linha de ação e trabalho dos baianos da Umbanda é o culto aos antepassados ou a Egungun, aos tradicionais pais e mães de santo da Bahia, embora manifestem-se pais e mães de santo de todos os recantos do país. Esse arquétipo, segundo Pai Rubens Saraceni, foi criado justamente a partir daqueles que melhor sustentaram e popularizaram o culto aos Orixás no Brasil, ou seja, a figura alegre, curiosa, intrometida e extrovertida dos sacerdotes dos Orixás, com suas rezas, magias, quizilas, feitiços etc. e dos mestres e rezadores nordestinos.

“A Linha dos Baianos é essa linha: a dos heróis anônimos que sustentaram o culto aos Orixás e os semearam primeiro em solo baiano, e posteriormente no resto do Brasil e, com  a Umbanda organizada, os levarão ao mundo”.

         A gira dos baianos é sempre muito animada e essas entidades têm sempre respostas certeiras e rápidas para as nossas questões, para sabermos lidar com as adversidades diárias, com alegria e descontração.

         Os baianos e baianas apreciam as festas, com suas comidas e bebidas típicas. São chegados à dança ritual, durante a qual trabalham, enquanto giram com seus passos e danças próprios.


BOIADEIROS

         

         Os boiadeiros são espíritos hiperativos, valorosos, descontraídos, diretos, mas de poucas palavras e sisudos, que atuam como refreadores do baixo astral. São aguerridos, demandadores e rigorosos com os espíritos trevosos. São os peões boiadeiros habilidosos, valentes e de muita força física. Chegam bradando ê, boi! Ou Jetuá! Seus campos de ação são os caminhos (Ogum) e o tempo ou as campinas (Logunã). O laço e o chicote são suas armas espirituais, mistérios usados como refreadores dos investidas das hostes sombrias de espíritos do baixo astral. Com seus laços, os boiadeiros criam verdadeiras espirais, laçando eguns e quiumbas paralisados em seus negativos e perturbadores dos encarnados.

         Esses espíritos foram mamelucos, cafusos e mulatos, sofreram preconceitos como os “sem raça”, sem definição de sua origem. Representam a própria miscigenação do povo brasileiro, a coragem, a liberdade, a determinação e o convívio harmonioso com os animais e com a natureza.

         Seu arquétipo é “a figura do mítico peão sertanejo, do tocador de gado” … Usam seus conhecimentos ocultos, “ para auxiliarem as pessoas nos momentos mais difíceis de suas “ travessias” pela evolução na matéria. O arquétipo é forte, impositivo, vigoroso, valente e destemido …” São espíritos que em suas últimas encarnações, praticamente viveram sobre o lombo dos cavalos. “ Eram vaqueiros, domadores de cavalos, soldados de cavalaria etc.

         “A linha dos Boiadeiros é sustentada em um dos seus mistérios por Ogum, e a alusão aos cavalos, ao tocar da boiada, ao laçar e trazer de volta o boi desgarrado do rebanho, o atolado na lama, o arrastado pelos temporais, o que se embrenhou nas matas e se perdeu, o que foi atravessar o rio e foi arrastado pela correnteza etc., tudo tem a ver com o trabalho realizado por esses destemidos espíritos…”:

  • Cavalos – filhos de fé.
  • Boi – espírito acomodado.
  • Boiada – grande grupo de espíritos desgarrados, reunidos por eles e reconduzidos lentamente às suas sendas evolutivas.
  • Laçar – recolher à força os espíritos rebelados.
  • Atolado – espíritos que afundaram nos lamaçais e regiões astrais pantanosas.
  • Açoitados pelos temporais – eguns caídos nos domínios de Iansã e do tempo.
  • Açoite ou chicote – instrumento mágico de Iansã, feito de crina ou de rabo de cavalo.
  • Laço – instrumento do tempo e tem a ver com as ondas espiraladas de Iansã.
  • Bois afogados em rios – espíritos caídos nas águas profundas das paixões humanas. …
  • Bois atolados em lamaçais – espíritos caídos nos domínios de Nanã Buruquê. …”
    (Rubens Saraceni – Os Arquétipos da Umbanda – Madras Ed.)


         Essa é uma linha transitória criada por Ogum e por outros Orixás, para a evolução de muitos Exus. Muitos dos espíritos que hoje se manifestam como caboclos boiadeiros já trabalharam sob a irradiação do mistério Exu, que é mais um dos graus evolutivos da Umbanda, mas outros nunca foram Exus. Como Exus, trabalharam e conquistaram o grau de boiadeiros. Como boiadeiros, conduzem de volta às pastagens tranquilas e seguras os “bois” desgarrados e desviados da Lei Maior, do processo evolutivo humano.Os boiadeiros são combativos, cortadores de magias negras e conhecedores de remédios, unguentos, pastas de ervas, plantas, curas, mirongas, feitiços e magias. São excelentes para a limpeza e descarrego dos terreiros, afastando obsessores, estabilizando o ambiente e as energias, dando ordens, com seus brados, para os espíritos se retirarem, mantendo a disciplina no terreiro.

         Essas entidades representam a natureza desbravadora, romântica, simples e persistente do homem do sertão: boiadeiros, laçadores, tropeiros, peões, vaqueiros, romeiros, tocadores de viola.

CABOCLOS

         Caboclo, na Umbanda, é um mistério, uma linha de trabalho, uma falange, um grau. É o identificador de entidades que trabalham na vibração ligada a Oxóssi, o orixá das matas e do conhecimento.

         Nas linhas de ação e trabalho dos caboclos “são incorporados milhares de espíritos cujas religiões não eram a ioruba nem a indígena brasileira. Mas todos têm uma forma de incorporação bem característica”

         “Na Umbanda, os caboclos têm uma função relevante, pois são eles que assumem a frente nas linhas de trabalho dos médiuns. Os caboclos são o elo de ligação do médium com os orixás”.  “Nas linhas de caboclos estão ocultos sob formas plasmadas grandes sacerdotes desencarnados já há muitos séculos, muitos sábios, filósofos, professores e sacerdotes dos mais variados rituais…”)(Rubens Saraceni – Umbanda Sagrada – Madras Ed.)

         O arquétipo do caboclo índio brasileiro é bastante forte e “só espíritos com uma noção superior sobre as verdadeiras leis da vida poderiam ser enviados à Terra para, incorporados em seus médiuns, orientar os infelizes encarnados … Só mesmo os nossos índios simples e cultuadores da verdadeira irmandade poderiam pregar o amor entre pessoas mais preocupadas com o sucesso pessoal do que com o bem-estar dos seus semelhantes”. (Rubens Saraceni – Os Arquétipos da Umbanda – Madras Ed.)

         Os caboclos representam a simplicidade, a humildade, a coragem e a persistência. Os índios tinham elevadíssimas noções de conduta e moral e a mentira, a dissimulação e a falsidade não se desenvolveram entre eles. Pela moral, caráter, espiritualização, fraternidade, etc., a Umbanda tem no índio um dos graus mais elevados e o arquétipo para esta linha de ação e trabalho.

         Os caboclos são o braço forte da Umbanda; representam a força e a energia dos trabalhos, agindo sempre com muita altivez, como desbravadores dos caminhos da espiritualidade e da fé.

         São espíritos que se apresentam fortes, vibrantes e trazem as forças da natureza e a sabedoria no uso das ervas. É na irradiação benéfica das matas que espíritos são curados, doutrinados e encaminhados pelos caboclos.

         “Os caboclos também ensinam a termos coragem e a sermos guerreiros na vida, lutando pelo que é justo e bom para todos. … Ajudam-nos a entrar na macaia (a mata que simboliza a vida), a cortar os cipós do caminho (vencer as dificuldades) e, se preciso, caçar os bichos do mato (vencer as interferências espirituais negativas)”.

         Há caboclos(as) na irradiação de todos os Orixás, mas a linha de trabalho dos nossos queridos Caboclos e Caboclas no ritual de Umbanda Sagrada é sustentada pelo mistério Orixá Oxossi. Os caboclos e caboclas são doutrinadores de nossa Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Evolução e Geração. São trabalhadores dos mistérios à direita dos Sagrados Orixás.

         Sua linha é forte, pois são aguerridos, persistentes e movimentam essências dos Tronos de Deus. São espíritos que se consagraram aos mistérios dos Orixás e servem à sua  direita, com um nome simbólico que identifica a “falange” na qual eles trabalham.


CIGANOS


         Umbanda é aberta a todos os espíritos que queiram praticar a caridade, independentemente de suas origens terrenas e de suas encarnações. Houve época em que dirigentes umbandistas não aceitavam ciganos em seus trabalhos, mas a Umbanda acolhe em suas linhas de trabalho todos os filhos de Deus que queiram praticar a caridade.

         Tamanha foi a simpatia do povo umbandista pelas entidades ciganas e grande foi a seriedade do seu trabalho, orientando com sabedoria, ensinando a beleza da criação e a alegria de viver, que foi criada uma “Linha” de ação específica para eles, com sua própria hierarquia, magia e ensinamentos.

         Uma característica marcante do povo cigano é a liberdade, em relação às nacionalidades, aos padrões sociais e aos preconceitos que escravizam. Os ciganos são poeticamente denominados “Filhos do Vento”, por sua liberdade, fluida mobilidade e errância, sempre ao sabor do vento, percorrendo os quatro cantos do mundo em sua mágica trajetória. Profundos conhecedores dos caminhos, em sua saga milenar vêm recolhendo conhecimentos iniciáticos de todas as culturas e tradições. Outra característica marcante é o seu conhecimento magístico e curandeiro, principalmente nos campos da saúde e do amor. É lendária a vidência de seus magos e sacerdotisas, que utilizam o elemento espelho, para refletir o Tempo, a memória ancestral, os conhecimentos, a arte da cura e dom da vidência. Por meio das cartas ou outros suportes materiais como bolas de cristal, estralas do mar e simples copos de água, o futuro, o presente e o passado desdobram-se no vórtex temporal de suas visões.

         Regidos pelo Tempo (Oiá) e pelo espaço (Oxalá), o povo cigano se move livremente tanto no espaço como no tempo.

         Na Umbanda, a presença de ciganos tem sido cada vez mais constante e, em muitos terreiros, eles próprios já pedem para que seus médiuns trabalhem com a roupa branca e tenham apenas os seus elementos magísticos, como lenços, baralhos, espelhos, adagas, anéis e outros. Nos dias de suas festas, podem ser utilizados os violinos, a cítara, a viola, os pandeiros e outros instrumentos característicos. A saudação a eles é:  Salve os Ciganos!

         Na Linha dos Ciganos encontramos espíritos que tiveram encarnações como ciganos e também espíritos que foram atraídos para essa linha por afinidade com a magia cigana. Por isso, os ciganos na Umbanda não têm obrigatoriamente que falar espanhol ou romanês, ler cartas ou fazer adivinhações. Há os espíritos ciganos que fazem isso porque já o faziam quando encarnados e outros não.

         “O “povo” cigano tem suas cerimônias próprias e tem seus rituais coletivos adaptados à Umbanda e suas sessões são muito apreciadas e muito concorridas, pois seus trabalhos estão voltados para as necessidades mais terrenas dos consulentes. É uma linha espiritual em franca expansão e temos até linhas de esquerda “ciganas”, tais como a do Senhor Exu Cigano e da Senhora Pomba-Gira Cigana, muito procurados pelos consulentes quando se manifestam nas sessões de trabalhos espirituais.” (Saraceni, Rubens – Umbanda Sagrada – Madras Ed.)

         É uma linha espiritual especial, cujas entidades trabalham na irradiação dos diversos orixás, mas louvam sua padroeira, Santa Sara Kali-yê. Seus trabalhos também podem ser sustentados por Pai Ogum – orixá do ar , ordenador dos caminhos – e por mãe Egunitá – o fogo purificador – pois os ciganos sempre estão ao redor de suas fogueiras.

         Na Umbanda, atuam como guias espirituais, de maneira extremamente respeitosa e sempre procuram mostrar o caráter fraterno do povo cigano, seu respeito com o alimento e a capacidade de repartir o pão. Aceitam o ritual umbandista, como meio evolucionista, e retribuem com suas ricas orientações e com a alegria de seus cantos e de suas danças.


ERÊS (CRIANÇAS)


         Essa é uma linha fechada em seus mistérios, regida por Pai Oxumarê, orixá da renovação da vida nas dimensões naturais, o pai das cores e do arco-íris, amparada pela linha do amor. Nessa linha atuam espíritos infantis, mas que têm muito poder. São excelentes conselheiros, orientadores e curadores e não gostam de fazer desobsessões, nem de desmanchar demanda.

         O arquétipo para essa linha, conforme Rubens Saraceni, não foi fornecido pelo lado material da vida, mas pelos seres “encantados da natureza” – crianças encantadas, portadoras naturais dos mistérios regidos pelos orixás. Esse arquétipo fundamentou-se na inocência, na franqueza, na alegria e na ingenuidade dos seres encantados infantis.

         O Orixá das “Crianças” ou “Erês” é uma Guardião de um Ponto de Força do Reino Elementar e atua sobre toda a humanidade, sem distinção de credo religioso. Pai Oxalá, Mãe Iemanjá, Mamãe Oxum e outros fornecem espíritos na forma de crianças, para atuação na linha de força dos elementos: ar, fogo, água, terra etc. Essas “crianças” têm as características do elemento em que atuam, sendo caladas se são da terra, facilmente irritáveis se são do fogo, alegres e expansivas sob a influência do ar, carinhosas e melodiosas no falar, se são da linha de Oxum ou Iemanjá, e assim por diante.

         Um ser elemental é puro e não tem os defeitos característicos dos humanos, mas possuem uma grande força ativa que pode ser colocada a serviço da humanidade, pois muitas dessas entidades são bastante antigas e com muito mais poder do que imaginamos. São conselheiros e curadores, daquilo que pode ser tratado com seu elemento ativo e trabalham com irradiações muito fortes e puras na sua origem. No decorrer das consultas, alertam os consulentes sobre seus erros e falhas humanas e, com seus elementos, vão trabalhando o atendido, modificando suas vibrações, equilibrando e alinhando seus chacras. Nas curas espirituais, fortalecem o emocional, limpam e descarregam, aliviam os subconscientes quanto aos problemas cotidianos dos médiuns e os descontraem, pois atuam na própria psique. Trabalham brincando e brincam trabalhando, com seus carrinhos, bonecas, apitos e outros brinquedos.

         Muitas crianças (ibejis, beijada, erês ou cosminhos) ainda estão mais ligadas ao plano dos encantados da natureza do que ao plano natural humano, pois muitos nunca encarnaram ou o fizeram uma única vez. “Não seriam “crianças” humanas recém desencarnadas e que nada sabiam da magia que iriam realizar os prodígios que os “Erês” realizam em benefício dos frequentadores das suas sessões de trabalhos ou com as forças da natureza quando oferendados…”
(Rubens Saraceni – Os Arquétipos da Umbanda – Madras Ed.)

         Quando incorporadas em seus médiuns, preferem as consultas durante as quais vão trabalhando o consulente com seu elemento de ação, modificando e equilibrando sua vibração e regenerando os pontos de entrada de energia nos seus corpos materiais.


EXU MIRIM


         Diz Rubens Saraceni: “A função de Exu Mirim é a de fazer regredir todos os espíritos que atentam contra os princípios da vida e contra a paz e a harmonia entre os seres. A sua importância está em que, sem Exu Mirim nada pode ser feito na Criação, sem a sua concordância.   Com Exu, dizia-se que “sem Exu, não se faz nada”. Já com Exu Mirim, “sem ele, nem fazer nada é possível”. Os Exus Mirins são Seres Encantados de uma Dimensão à Esquerda da nossa.  Eles não são humanos.

         Na respectiva Dimensão, algum deles são seres infantis. Mas os que se manifestam nos Trabalhos Religiosos de Umbanda já trazem da sua Dimensão um nível de evolução diferenciado. Além disso, também são preparados para vir, até obterem a licença do Divino Criador e dos Sagrados Orixás que os amparam nesse trabalho junto à nossa humanidade.

         Exu, Pombagira e Exu Mirim formam o triângulo de forças à Esquerda da Umbanda.

         Exu Mirim e Pombagira Mirim NÃO são filhos de Exu e de Pombagira. São arquétipos adotados pela Umbanda para englobar numa só Linha de Trabalhos Espirituais todos os Seres Encantados das Dimensões da Vida à nossa Esquerda, pois estamos ligados mentalmente a eles por meio de cordões energéticos. Em decorrência desta ligação mental, ou nos mantemos em equilíbrio com eles, ou somos afetados de forma acentuada.

         Exu Mirim é um dos Mistérios que a Umbanda buscou e incorporou, em sua fundamentação Divina. A Criação Divina é infinita em todos os sentidos, inclusive nas funções Divinas exercidas pelos seres. Deus não criou nada ou ninguém que não tivesse sua função na Criação. Nós, espíritos humanos, estamos ligados mentalmente a um Exu Mirim, à nossa esquerda, por um cordão energético invisível aos nossos olhos materiais, mas não à visão superior do espírito.

Certos desvios de personalidade tratados pelas ciências médicas, certas alterações de humor, certos comportamentos antissociais, certos fanatismos etc., têm a ver com desequilíbrios existentes com os seres na outra ponta das nossas ligações mentais, espirituais e conscienciais. O desequilíbrio com os Seres Encantados da Direita, englobados no arquétipo Erês (Crianças), gera uma série de transformações em nossa consciência e em nossos comportamentos. O desequilíbrio com os Seres Encantados da Esquerda, englobados no arquétipo Exu Mirim, gera uma alteração comportamental e consciencial de caráter, de humor e emocional tão intensa que a pessoa começa a regredir e fecha-se em si mesma.

         Tendo Exu Mirim (à Esquerda) e os Erês (à Direita) em equilíbrio conosco, isto faz com que sejamos alegres, dispostos, de bom humor, falantes e sonhadores.

         Ao contrário, estando em desequilíbrio com um deles ou com ambos, nos tornamos taciturnos, melancólicos, irritados, cabisbaixos, isolacionistas, sem iniciativas e sem criatividade; sentimo-nos velhos e sem ânimo para mais nada. Alguns negativismos afloram em nós: avareza, mesquinhez, egoísmo, irritabilidades à flor da pele, incapacidade de raciocinar coisas novas, intolerância com crianças etc.

         Por um lado, tais ligações existem e não podem ser rompidas. Por outro, os Seres Encantados são portadores de poderes excepcionais que, doutrinados de forma correta, muito nos auxiliam. Então, a Umbanda optou por incorporá-los à Direita (os Erês) e à Esquerda (os Exus Mirins e as Pombagiras Mirins).

         Exus Mirins não são espíritos de “meninos maus”, como pensam alguns; assim como as Pombagiras e os Exus não são espíritos de ex-prostitutas e ex-bandidos.

         Há poucos escritos que nos ensinem sobre Exu Mirim ou que o fundamentem como Mistério Religioso. Isso deu margem a interpretações fantasiosas e até preconceituosas, levando muitos a acreditarem que os Exus Mirins seriam “espíritos de moleques de rua”, crianças mal-edu­cadas, encrenqueiras, “bocudas”, chulas etc. Esse desconhecimento acabou fazendo com que muitos dirigentes proibissem as manifestações de Exus Mirins.

         Conforme esclarece Rubens Saraceni, quando a Umbanda iniciou-se no plano material, logo surgiu uma Linha Espiritual ocupada por espíritos infantis amáveis, bonzinhos, humil­des, respeitosos: a Linha das Crianças. Depois, começaram a se manifestar uns espíritos infantis briguentos, encren­quei­ros, mal-educados e intrometidos. Quando inquiridos, eles se apresentavam como “Exus” mirins, os “Exus infantis” da Umbanda, numa equivalência com um Erê da Esquerda existente no Candomblé. E Exu Mirim assumiu “o arquétipo de menino mau”, que lhe atribuíam. Ninguém questio­nava sobre tão controvertida Entidade, pois ele dizia que todo médium tem na sua Esquerda um Exu Mirim, além de um Exu e uma Pomba Gira.

         A partir da crença inicial de que os Exus Mirins eram “meninos maus”, as incorporações dessas Entidades eram exageradas e fantasiosas, pois os médiuns acreditavam que tinha de ser assim. Os Dirigentes não tinham conhecimento sobre tais Entidades e nem meios de esclarecer e controlar seus médiuns, passando a proibir tais manifestações.  Na verdade, os Exus Mirins nada mais faziam do que extravasar os desvios íntimos daqueles médiuns, quando incorporavam.

         Médiuns doutrinados e equilibrados incorporam Exus Mirins que realizam trabalhos de grande ajuda às pessoas. Quem precisa ser doutrinado é sempre o médium, e nunca as Entidades de Lei, que já vêm mais que preparadas para atuar entre nós…


EXUS


         Os Exus, enquanto Linha de Esquerda na Umbanda, incorporam em seus médiuns e dão consultas gratuitas, aconselhando, orientando, defendendo, ajudando a superar suas dificuldades materiais ou espirituais, familiares, profissionais etc., mas, sempre a partir de sua visão cósmica das situações, de seu senso e de seu entendimento pessoal de como deve proceder para atender a quem o solicitou. Os Exus que incorporam estão aprendendo a usar os instrumentos colocados à sua disposição e vão se aperfeiçoando e acelerando sua evolução. Eles tomam a defesa de seus médiuns quando algo ou alguém os está prejudicando.

         No  aspecto  geral,  Exu  rege  sobre  a  vitalidade  dos seres. Ele é portador de um poderoso mistério, ligado à sexualidade masculina.  Mas, se Exu transpira vigor por todos os seus sentidos, não vibra o fator estímulo, iniciativa, expressando apenas os desejos alheios, seja de seus médiuns, seja dos que o evocam ou oferendam. Por não vibrar esse fator, não toma iniciativas próprias e polariza com pomba-gira, que emana o fator desejo, o qual, se juntando com o fator vitalidade, estimula os seres a tomar suas próprias iniciativas. Exu e Pombo-gira são indispensáveis um para o outro.

         Exu é o mais humano dos mistérios de Umbanda, porque reflete em si a natureza emotiva do seu médium, no qual ele se manifesta e incorpora.

         Embora aparentemente seja punidor, na verdade ele atua como agente esgotador de negativismos ou criador de estímulos que ativam o emocional humano, induzindo o ser a mover-se em busca do “alto”. É regido pelo mistério “Trono Neutro”, que não é bom nem mau, e responde segundo é invocado. Através do seu fator vitalizador, ele tanto vitaliza como desvitaliza os mistérios dos orixás: amor, conhecimento, religiosidade, geração, equilíbrio, ordem e evolução.


MALANDROS


         As entidades que hoje se manifestam nessa “nova” linha de ação e trabalho umbandista, antes chegavam nas giras nas linhas dos Baianos ou dos Exus. Aos poucos, foram sendo aceitos, respeitados e procurados, ganhando linha própria, comandados por Seu Zé Pelintra.

         Originaram-se no Catimbó nordestino, com identidade na pajelança xamânica dos índios brasileiros e no catolicismo, na chamada Linha dos Mestres e do culto à Jurema sagrada, bem antes da Umbanda. São o resultado da grande miscigenação cultural e racial brasileira e retratam as populações marginalizadas, desfavorecidas, pobres e sofredoras das periferias do país, tanto rurais quanto urbanas.

         Em geral, os mestres são espíritos curadores que tiveram mortes trágicas e se “encantaram”. Trabalham para a solução de alguns problemas materiais e amorosos.

         As entidades que se manifestam na Linha dos Malandros são um agrupamento de espíritos que viveram suas reencarnações na pobreza e no sofrimento, mas souberam tirar da dor o humor e o jogo de cintura para driblar a miséria e o baixo astral. Por onde passam levam alegria e arrancam sorrisos e gargalhadas, com seu samba no pé, sua ginga e malandragem.

         Os malandros do astral não são marginais do além, como muitos supõem. São espíritos amigos, voltados para a prática da caridade espiritual e material. Propagam o respeito ao ser humano, a tolerância religiosa, a humildade, os bons exemplos, o amor ao próximo, o amparo às crianças desamparadas e aos idosos. Combatem as trevas e desmancham feitiços e magias negras.

         Em locais de extrema pobreza e ausência de assistência pública e de justiça humana, os malandros estão presentes com sua misericórdia, buscando aliviar o sofrimento e socorrer os necessitados, enxugando as lágrimas dos que sofrem.

         Manifestam-se na Linha dos Malandros muitos “Zés”: Zé Pelintra, Zé da Virada, Zé Navalha, Zé Malandrinho, Zé da Faca e outros, como Chico Pelintra, Seu Malandro. São “mandingueiros” do bem e apresentam grande senso de humor em suas manifestações. São entidades da rua, encontrados em bares, festas, subidas de morros etc.

         Zé Pelintra é uma entidade urbana, que pode até nada ter a ver com a origem dos mestres, mas é chamado de mestre catimbozeiro, doutor, curador, conselheiro, defensor das mulheres, das crianças e dos pobres, guerreiro da igualdade social, médico dos pobres, advogado dos injustiçados, dono da noite e rei da magia. Tem grande importância nos catimbós e nas macumbas cariocas e é o protetor dos comerciantes, principalmente de bares, lanchonetes, restaurantes e boates.

         A saudação para essa linha é: Salve os Malandros! Salve a Malandragem!

         Suas cores são o vermelho e o branco. A regência dos malandros é de Pai Ogum.


MARINHEIROS


         Ser marinheiro de Umbanda significa ser eterno amante do mar e de seus mistérios, significa auxiliar pessoas e espíritos necessitados com os recursos do mar, dos mistérios das águas. Os marinheiros são milhares de espíritos que em suas últimas encarnações viveram do mar, pelo mar e para o mar, dentro de embarcações. Alguns navegaram, outros submergiram nas águas profundas, outros foram arrastados pelas ondas para dentro dele e outros foram levados para outros lugares pelas correntes marítimas. Esses espíritos, quando encarnados, foram capitães do mar, comandantes de navios, soldados da marinha, bucaneiros, piratas, pescadores, navegantes e todos os eternos amantes do mar e dos seus mistérios.

         Os marinheiros, no lado espiritual, vivem submersos no fundo do mar, a realidade aquática da vida, que é a região do povo d’água, os seres aquáticos elementais da água. Nessa dimensão aquática, a água os deixa firmes, ao contrário do que acontece quando incorporados. Na matéria, cambaleiam de forma ondulada, balanceando, ao liberar o poder de seu mistério por meio de ondas magnéticas no campo espiritual do médium e do templo. Seus magnetismos absorvem muito do álcool do corpo do médium e, para não paralisar nenhuma das funções de se médium e dar fluidez e volatilidade às suas vibrações de espíritos, expandindo seus campos magnéticos,  estabilizando e equilibrando a incorporação, utilizam a energia do rum ou da cachaça para executar as funções que lhes cabem.

         Incorporados em seus médiuns, os marinheiros se movimentam e dançam como se estivessem se equilibrando sobre o tombadilho de um barco ou de um navio em alto mar, mas o que realmente acontece é que eles se  manifestam sob a irradiação de Mãe Iemanjá, cujo magnetismo faz com que eles tenham os movimentos das ondas do mar. Podem ser regidos também por outras mães d’água, como Nanã, Oxum e até mesmo Obá, formando uma linha de “povos da água”. Seus magnetismos aquáticos dão a impressão de que o solo está se movendo sob seus pés e por isso eles imitam os marujos nos tombadilhos dos navios.

         Esses espíritos são extrovertidos, alegres e cordiais, colocando os consulentes à vontade.     São magos nos mistérios aquáticos e trazem-nos a possibilidade de libertação dos nossos entraves. A forte vibração  da energia aquática dilui cargas trevosas, purifica pessoas e ambientes e atua no trabalho de cura. Mãe Iemanjá é a senhora do lado de cima da Grande Calunga, o mar, e Omolu é o senhor do lado de baixo da Pequena Calunga, a terra, e sustentador do eterno vai-e-vem das águas.


POMBA GIRA


         O mistério Pomba Gira é regido por uma divindade cósmica feminina que tanto gera quanto irradia o desejo, atuando como elemento mágico e agente cármico, nos limites estabelecidos pela Lei Maior, à disposição dos Orixás. Como elemento religioso, ela atua como esgotadora de carmas individuais e como ativadora ou estimuladora das pessoas. Enquanto Linha de Esquerda na Umbanda, incorpora em suas médiuns aconselhando, orientando, defendendo, ajudando a superar as dificuldades materiais ou espirituais, familiares, profissionais etc., mas, sempre a partir de sua visão cósmica das situações, de seu senso e de seu entendimento pessoal de como deve proceder para atender a quem a solicitou. Elas tomam a defesa de seus médiuns quando algo ou alguém os está prejudicando.

         Ela é portadora de um poderoso mistério, ligado à sexualidade feminina. Mas, se Pomba Gira transpira desejo por todos os seus sentidos, não vibra o fator vitalidade, vigor, e os desejos não se concretizam. Por não vibrar esse fator,  polariza com Exu, que emana o fator vitalidade, o qual, se juntando com o fator desejo, cria as condições para que as coisas aconteçam. Exu e Pomba Gira são indispensáveis um para o outro. As Pomba Giras atuam como agentes esgotadores de negativismos ou criadores de vontades que atuam no emocional humano, induzindo o ser a mover-se em busca do “alto”. São regidas pelo mistério “Trono Neutro”, que não é bom nem mau, e responde segundo é invocado. Através do seu fator vontade, elas tanto estimulam como desestimulam  os mistérios dos orixás: amor, conhecimento, religiosidade, geração, equilíbrio, ordem e evolução.


PRETO VELHO


         A figura de ex-escravos, de velhos “feiticeiros” negros, conhecedores de rezas e de encantamentos poderosos, capazes de realizar “milagres”, foi o arquétipo ideal para atrair milhares de espíritos para a Umbanda.

         Espíritos de negros, amadurecidos no tempo e na vida do plano material, assumiram o grau de “Pretos-Velhos”, orientando e ensinando os reais valores da vida, simplicidade, humildade e caridade. Sabedoria, simplicidade, humildade, caridade, evolução, seriedade, paciência, calma e ponderação são qualidades, atributos que nos remetem ao mistério ancião – de velho, sábio e profundo conhecedor dos mistérios divinos – sustentado pelos orixás mais velhos: Pai Oxalá, Pai Obaluaiê, Pai Omolu e Mãe Nana Buruquê. Os Pretos-Velhos trazem esse mistério consigo, pois são espíritos elevadíssimos, bastante amadurecidos; são nossos irmãos mais velhos na senda evolutiva, que com sua experiência de vida alcançaram a sabedoria.

         O arquétipo do ancião preto, nobre, poderoso, amoroso, humilde e sábio, ocultado por trás do jeito simples de falar, encantou e tornou imortal a figura carismática do Preto-Velho. Os Pretos-Velhos, ou linha das almas, atuam na irradiação de Pai Obaluaiê, de quem captam as irradiações, tornando-se também irradiadores delas, estabilizando e transmutando a vida de quem os consulta.

         Preto-Velho, no ritual de Umbanda Sagrada, é um grau manifestador de um Mistério Divino. Nem todo preto-velho é preto ou velho. A forma como eles incorporam, curvados, expressa a qualidade telúrico-aquática de Pai Obaluaiê. O peso que parecem carregar não é fruto do cansaço, da idade avançada ou velhice, mas á a ação da qualidade estabilizadora terra, desse Orixá, diante da qual todos se curvam, se aquietam e evoluem calmamente.

         Essas entidades manifestam-se sob a aparência de negros escravos, trazendo-nos o exemplo de humildade e simplicidade da alma. São espíritos elevadíssimos com vasto campo de atuação, encontrados nas Sete Linhas de Umbanda, pois trabalham a Evolução nos sete sentidos da vida dos seres. Trazem sempre palavras de fé, de esperança, de consolo e de perseverança, com sua sabedoria, paciência, paz e serenidade.

         No arquétipo do amoroso Preto-Velho, esses espíritos estão sempre a nos ensinar que o perdão é sempre a melhor opção e que a caridade é o melhor caminho evolutivo. Eles não carregam mágoa, raiva ou ódio pelas humilhações, atrocidades e torturas que sofreram na carne.

         São conselheiros pacientes, mostrando-nos a vida e seus caminhos. Com suas mirongas, banhos de ervas e outros elementos, exorcizam forças negativas, obsessores e quiumbas, e, apoiados pelos Exus de Lei, desfazem trabalhos de magia negra.

         Esse arquétipo é tão poderoso e forte que foi adotado por milhões de espíritos evoluidíssimos que se apresentam discretamente nos centros de Umbanda nessa linha de trabalho. O Preto-Velho sábio, humilde e caridoso simboliza a sabedoria dos velhos benzedores, a humildade daqueles que extraíram suas forças das condições cruéis que lhes foram impostas em vida. Com sabedoria e simplicidade, ensinam as pessoas para que entendam e encarem seus problemas cotidianos e busquem as melhores soluções. Eles aliviam o fardo dos consulentes, fazendo com que se fortaleçam espiritualmente.

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